Muitos são os motivos que levam o varejo a passar por um período de disrupção. Alguns
exemplos são: a aceleração da digitalização em função da pandemia da COVID-19, novos
entrantes que não pertenciam ao universo varejista, a mudança demográfica com maior
participação da Geração Z nas decisões de compra e a própria evolução da tecnologia.
Com tantos materiais sobre tendências, vale a pena analisar os seguintes fatores:
1) Digitalização das empresas: de repente, alguns varejos se viram privados de sua atividade core - a venda. Por isso, precisaram buscar alternativas para continuar a atender aos seus consumidores, seja através do Whatsapp, Marketplace ou até mesmo acelerando seus próprios projetos de e-commerce. Mesmo aqueles varejos que não foram privados da abertura de lojas, como os canais alimentar e farma, viram seus clientes com medo de frequentar as lojas, já que passaram a ser apontadas como locais de risco. Com isso, foi preciso desenvolver uma estratégia de venda online ou sem contato próximo.
2) Novos entrantes: nos últimos anos vimos o varejo se transformar em um jogo de
ecossistemas. Marketplaces buscando segmentos de alta frequência e o mesmo acontecendo com varejos de bens duráveis. Houve uma verdadeira revolução na chamada última milha, com empresas competindo pela entrega mais rápida, algumas passaram a entregar os pedidos aos consumidores em menos de 15 minutos. Observamos a chegada de novas redes de proximidade, que garantiram uma loja a poucos metros das residências ou locais de trabalho dos consumidores, além das lojas autônomas que estão dentro dos condomínios e escritórios. Existem ainda, os modelos totalmente online, nos quais você escolhe o dia em que quer receber sua lista de produtos, o que inclui até mesmo produtos frescos. O comércio ficou mais local, devido à preocupação em preservar os negócios da vizinhança, além de diminuir os deslocamentos e trazer cada vez mais frescor aos produtos vendidos. Tudo para que o consumidor possa comprar e receber seus produtos onde e quando quiser.
3) Geração Z: os nascidos entre 1995 e 2010 é a geração que está chegando ao mercado de trabalho e revolucionando, não apenas as relações trabalhistas, mas também a forma de
consumo. São os nativos digitais que tratam as múltiplas realidades de forma fluida. Não
separam o físico do virtual. São gamers por natureza e seu consumo está pautado pela ética, com preocupações sociais e ambientais. Gostam de se relacionar diretamente com as marcas e usam as redes sociais como canal de informação e compra. São adeptos dos modelos “retirar em loja” e compram na loja para receber em casa. De fato vivem o omni-channel.
4) Tecnologia: aqui estão as maiores evoluções dos últimos tempos. Muitas coisas que
eram idealizadas, mas não eram viáveis, passaram a ser em razão do avanço da tecnologia.
As lojas autônomas são carregadas de visão computacional, RFID, prateleiras
inteligentes, escaneamento de produtos, pagamento por aplicativo e a possibilidade
de conhecer o estoque em real time. E todas essas tecnologias analisadas em conjunto
permitem a construção de painéis de controle sobre as atividades de cada loja.
Constatamos a intensificação da compra sem contato nos espaços físicos, através do
self check-out, o uso de algoritmos que ajudam nas decisões de sortimento e abastecimento, gerando eficiência em toda cadeia, e a satisfação do consumidor por encontrar os produtos que deseja.
A inteligência artificial tem ajudado nas decisões de preço e na construção de ofertas mais
personalizadas. Cada vez mais a prateleira fica infinita e as compras individualizadas, pois
os ecossistemas permitem a venda de produtos sem que o varejista tenha necessariamente o custo do estoque. Além do gerenciamento de cada pedido de maneira eficiente, buscando as melhores opções de entrega e a melhor relação custo x benefício, com precisão e dentro do prazo.
Não podemos deixar de falar do metaverso, embora ainda exista muito o que descobrir
sobre o seu funcionamento, é certo que as marcas precisarão interagir nesse universo.
Com isso presenciamos a ampliação das realidades virtuais e aumentada, além da própria
internet 5G que viabilizará esse tipo de interação.
Enfim, são muitas as mudanças no varejo e as tendências nos mostram que serão cada vez mais velozes. Nada poderá escapar na construção do futuro do varejo.
Mas o varejo continua a ter seus desafios diários: busca de eficiência em toda a cadeia, redução do capital de giro, com sortimento adequado que atenda às necessidades dos clientes e que tenha bom giro, redução das perdas, ajuste da equação preço e promoção.
Cada dia mais, torna-se relevante conhecer o seu consumidor e ter uma proposta de valor
capaz, não apenas de atendê-lo, mas de fidelizá-lo. E isso só ocorrerá através de um
posicionamento que torne seu varejo único, pois a fidelidade do consumidor é construída
por meio de experiências impactantes e não como obra do acaso.
Comentários