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Definições estratégicas para a indústria de implementos agrícolas no Brasil: neutralidade, reatividade ou proatividade?

Atualizado: 13 de mai.




Contexto industrial brasileiro


O processo de desindustrialização no Brasil tem uma triste trajetória ao longo das últimas décadas. Se nos anos 80 a indústria representava cerca de 36% do PIB brasileiro, em 2021 esse percentual caiu para apenas 11,1%. 


O Índice de Complexidade da Economia (ECI), elaborado pelo Observatory of Economic Complexity (OEC) do MIT, classificou o Brasil, em 2021, na posição 49º entre 131 países.

Desde 2001, o Brasil já perdeu 17 posições. Nesse mesmo período, a China saiu da posição 59º para a 25º, produzindo computadores, eletrônicos em geral, eletrodomésticos, automóveis, celulares, entre outros produtos industrializados.


Mas mesmo frente a essa realidade, oportunidades de reversão desse quadro começam a se desenhar, primeiro em função do movimento de regionalização da produção, que após a pandemia, tem revertido o processo de globalização. O Brasil, por sua posição na América Latina, por sua estabilidade geopolítica, por seu mercado doméstico de porte e por sua matriz energética, tem bom potencial para desenvolver atividades produtivas relevantes. E deve-se destacar a capacidade de empreendedorismo e inovação dos profissionais e das empresas brasileiras. 


A recente reforma tributária, a redução inflacionária e a tendência de queda dos juros são também fatores de relevante importância na simplificação dos processos e na diminuição do chamado “custo Brasil”. 


E sem dúvida, existe a clara oportunidade no campo do agronegócio, que é um dos setores de maior desenvolvimento e retorno no Brasil. Apesar da conjuntura menos favorável nesse ano, é possível afirmar que o agronegócio apresenta um grande potencial a médio e longo prazo, visto que ele tem se desenvolvido de forma consistente nas últimas décadas. A organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estima que o Brasil contribuirá com 40% da demanda adicional futura de alimentos do planeta. Não se poderá atingir esse patamar sem a efetiva participação da indústria de transformação fornecedora de máquinas e equipamentos. Portanto, esse é um setor que merece destaque e análise, por seu importante papel no desenvolvimento do agronegócio e também na recuperação industrial brasileira.


O mercado de máquinas agrícolas


O mercado de máquinas agrícolas no Brasil apresentou, em 2022, segundo a Câmara Setorial da ABIMAQ, um tamanho de cerca de R$ 90B, com potencial de apresentar um crescimento anual médio de 4,6% até 2028, segundo a Mordor Intelligence. Esse mercado está composto pelo mercado de tratores e de colheitadeiras, que somados, representaram valores estimados de R$ 66B. E o mercado de implementos agrícolas representa os outros R$ 24B. 


São considerados como alavancadores desse mercado a crescente demanda mundial por alimentos, a consequente expansão da produção brasileira de grãos e proteína animal, a crescente utilização de tecnologia e também as iniciativas e incentivos governamentais, além da tendência de consolidação de pequenas e médias propriedades rurais. 


Esse panorama pressupõe que tanto os setores de tratores e colheitadeiras quanto o de implementos agrícolas devem esperar, a médio e longo prazo, uma expansão acima do PIB brasileiro projetado. Essa é uma oportunidade única que não pode ser desperdiçada.


E como potencializar essa oportunidade frente a realidade dos clientes de máquinas e implementos agrícolas? Existem grandes diferenças nas condições agrícolas entre as várias regiões do Brasil, e existe uma diversidade significativa entre os produtores rurais em termos de tamanho, capacidade de investimento, acesso à tecnologia e disponibilidade de financiamento.


Caminhos possíveis


Pode-se constatar que as empresas globais têm investido fortemente em tecnologia. E esse é um caminho sem volta, senão vejamos:


  • A aplicação de IOT possibilita acompanhamento e análise em tempo real dos equipamentos, viabilizando maior eficiência e confiabilidade através da utilização de softwares de manutenção preditiva. Menos quebras, menos paradas e, consequentemente, menos custos operacionais.

  • A utilização de sensores, drones, e sistemas GPS permite que a agricultura de precisão seja uma realidade. Isso possibilita um significativo aumento de produtividade, direcionando insumos, sementes e fertilizantes em terras mais apropriadas. Isso gera mais produção com mais qualidade.

  • Através da integração e conectividade dos atuais sistemas de automação que empregam IA, se torna possível aprimorar significativamente os processos de tomada de decisão. As volumosas massas de dados geradas possibilitam o aprendizado de máquina e a utilização dos aplicativos de IA, que irão proporcionar melhores decisões, que, consequentemente, gerarão uma otimização dos resultados operacionais e financeiros.


As possibilidades nessa área são muitas, mas não vemos nos portfólios de produtos das empresas de implementos agrícolas brasileiras consistentes iniciativas nessa direção. E esse é um movimento inexorável que já vem de anos, e que apresenta hoje uma crescente e impactante velocidade.


Para viabilizar esse salto tecnológico, se faz necessário um claro plano a nível estratégico, uma gestão capacitada e atuante, e um mercado promissor. Felizmente as previsões apontam para uma boa perspectiva em termos de mercado. O setor agrícola se manterá em plena evolução nos próximos anos.


Somente citando alguns setores de potencial crescimento, temos as seguintes estimativas para os alguns mercados específicos no Brasil, segundo a Mordor Intelligence:


  • Máquinas de arar e cultivar: de US$ 732M em 2022 para US$ 961M em 2028 (+31%)

  • Máquinas de plantio: de U$$ 670M em 2022 para US$ 872 em 2028 (+30%)

  • Máquinas de irrigação: de US$ 883M em 2022 para US$ 1,1B em 2028 (+24%)


Portanto, vislumbramos oportunidades estratégicas para as empresas nacionais no que tange à modernização, expansão e crescimento. 


E frente a esse cenário, questões significativas se apresentam:


  • Como as empresas podem melhor aproveitar esse significativo potencial de crescimento, nessa nova fronteira tecnológica e gerencial? 

  • Como as empresas de capital nacional podem potencializar sua competitividade, mesmo não dispondo do volume de capital para investimentos das empresas globais? 

  • Como desenvolver produtos e serviços que atendam a ampla diversidade dos produtores rurais brasileiros? 

  • Como desenvolver e capacitar mão de obra especializada que possa atuar na linha de frente da tecnologia?

  • Como viabilizar e expandir a participação no mercado externo, principalmente na América Latina? 


Mas qual o movimento estratégico que melhor possa responder a essas questões? Na nossa visão, algumas alternativas merecem ser avaliadas:


  • Priorizar processos de M&A, buscando complementariedade de portfólio através de aquisições ou fusões com empresas do setor, ou mesmo através de parcerias com startups.

  • Reposicionar estrategicamente a empresa, reforçando o core business, revigorando a gestão e atualizando produtos e serviços para melhor atender a diversidade dos clientes.

  • Redirecionar investimentos para inovação e tecnologia, criando dispositivos e componentes digitais que, agregados aos produtos, proporcionem real vantagem competitiva em termos de produtividade e sustentabilidade.

  • Desenvolver e reter talentos para garantir a inovação contínua e a excelência operacional.

  • Expandir mercados através de novos produtos, serviços, canais e política de preços, dando suporte aos produtores rurais, tanto em treinamento quanto em assessoria tecnológica.

  • Expandir vendas, assessorando e apoiando a viabilização de financiamentos em condições mais favoráveis. 


Sabemos que não existe uma receita única ou uma solução redentora. Somente com uma análise detalhada de cada realidade se pode desenhar uma estratégia adequada para a transformação das empresas na direção do protagonismo dessa nova fase de desenvolvimento industrial. 


E frente a esse cenário, como sua empresa está se posicionando estrategicamente? Reativa, proativa ou neutra? E como avaliar corretamente em que estágio sua empresa se encontra? 


Sua empresa pode ser a protagonista dessa transformação, tomando as rédeas e se estabelecendo como líder no desenvolvimento dessa indústria.


Fontes:

  • EMIS Insights – From Tradition to Tech- the New Era of Industrialization in Brazil

  • Mordor Intelligence: Brazil Agricutural Machinery 2023-28




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