No nosso artigo anterior falamos dos desafios atuais do setor de locação de Máquinas & Equipamentos (M&E) para construção, que evidenciam a complexidade da dinâmica e as transformações em curso que regem o mercado brasileiro. Mas a sua empresa de locação de M&E tem alcançado resultados satisfatórios e consistentes nos últimos anos? Ela está preparada para enfrentar os desafios e crescer nesse cenário? Seu planejamento estratégico é robusto para suportar os desafios de crescimento que se impõem, especialmente o ecossistema altamente competitivo e fragmentado com um número elevado de competidores? Se você não tem as respostas para essas perguntas, então é imperativo a necessidade de oxigenar a estratégia de sua empresa.
Segundo o recente relatório mensal Sondagem Indústria da Construção, de fevereiro 2024, publicado pela CNI, os índices de confiança e de expectativa seguem em patamar positivo para o setor. O ICEI – Índice de Confiança do Empresário da Indústria, indicador econômico utilizado como acompanhamento da atividade de construção, mostra uma melhora das expectativas dos empresários desse setor.
De acordo com um estudo detalhado da Off-Highway Research, The Construction Equipment Industry in Brazil, Outubro 2023, mais de 45 mil equipamentos de terraplenagem foram vendidos no Brasil em 2022. O fato interessante é que desse total de equipamentos, cerca de 27% foram adquiridos por locadoras, com valor estimado em US$ 1,8 bilhão. O aumento da locação na indústria da construção pode ser atribuído a fatores como o aumento da incerteza econômica, fazendo que os empreiteiros diminuam seus investimentos em M&E, e o impacto da pandemia, mas também à crescente maturidade do setor demonstrada nos últimos anos.
O estudo aponta ainda que o Brasil é o principal hub de produção de M&E com mais de 20 dos maiores OEM (Original Equipment Manufacturer) globais com fábricas operando no país. E é o maior mercado de equipamento de construção da América do Sul, responsável por mais de dois terços das vendas da região. A previsão para o Brasil também é positiva graças aos níveis preços globais das commodities que continuam incentivando investimentos nas indústrias de mineração, petróleo e gás, enquanto o governo continua investindo em infraestrutura e habitação. Em 2023 o setor privado investiu cerca de R$ 166 bi em transportes, energia, saneamento e telecomunicações, assim como foram mapeados 518 projetos de infraestrutura espalhados pelo país.
Em termos de tipos de equipamentos e tamanho, o setor de locação de M&E no Brasil tem uma característica marcante que é o atendimento à construção de médio porte, com quase metade das máquinas compradas em 2022 sendo escavadeiras de esteira e carregadeiras de rodas, respectivamente 27% e 20%. Logo em seguida, e muito importantes para as classes de tamanho menor, abaixo de 10 toneladas, estão as retroescavadeiras com 19% do total de equipamentos adquiridos pelo setor de locação, como ilustrado no gráfico abaixo.
O relatório da Off-Highway Research reforça ainda que a previsão é que as vendas de M&E se mantenham em um nível elevado nos próximos anos para o mercado brasileiro, devido ao amadurecimento e a possibilidade crescimento ainda mais do setor de locação.
O estudo de mercado brasileiro de equipamentos para construção da SOBRATEMA – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, vai nessa mesma direção, projetando um crescimento especificamente para a Linha Amarela, destinada à movimentação de terra, de 7% em 2024.
Uma característica relevante que gostaríamos de destacar do mercado de locação de M&E é a sua alta pulverização, sem players dominantes. Essa pulverização apresenta inúmeras oportunidades de fusões e aquisições no setor de locação, já que as empresas buscam aumentar o seu poder de barganha com seus fornecedores, sua participação de mercado e sua presença regional. Para ilustrar esse mercado extremamente fragmentado, consideremos o segmento de Linha Amarela, que é composto por diversas M&E que auxiliam na construção civil, na produção agrícola e nas atividades de terraplenagem. Como mostra a figura abaixo, o líder do mercado de Linha Amarela, composto por 207.231 equipamentos, detém apenas 1,9% desse total.
Além da alta pulverização do mercado de locação de M&E no Brasil, ainda há outras particularidades muito relevantes:
Muito espaço para crescimento da penetração no país devido à sua dimensão continental e cultura diversa, podendo haver demandas por locação de equipamentos em setores ou regiões geográficas específicas ainda não plenamente atendidas
Empresas familiares com mais de 20-30 anos de existência se aproximando da sucessão
Busca por fornecedores maiores e com entregas estáveis, tanto de disponibilidade de equipamentos quanto de ofertas de pacotes de serviços com alta proposta de valor
Percentual para locação sobre as vendas de 26 - 27% sobre as vendas de M&E, ainda pequeno se comparado com o dos países desenvolvidos, geralmente > 50%
Então pelo exposto acima, acreditamos ter trazido luz à urgente demanda para que as locadoras desenvolvam estratégias de crescimento acelerado pois há grande possibilidade de consolidação do mercado. E na nossa visão as alternativas de estratégia que mereceriam uma boa reflexão são:
Manter o porte atual e adotar uma estratégia de nicho e regionalização
Crescer por aquisições para manter ou conquistar poder no mercado
Negociar a empresa antes do início do ciclo de perda de valor provocado pelo potencial movimento de consolidação de mercado
É essencial, portanto, o dono ou CEO de uma locadora de M&E, como diz a expressão popular “não perder o bonde” de repensar a sua estratégia de crescimento nesse momento crucial, com sérios riscos da sua empresa perder o seu potencial de sucesso ou o seu valor!
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