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Mercado brasileiro de Eletrodomésticos: cenários, desafios e reflexões sobre estratégias

Atualizado: 20 de set.




O mercado brasileiro de eletrodomésticos, maior da América Latina, continuou sua ascensão em 2022, repetindo o ano anterior que também apresentou crescimento. As vendas atingiram 17,2 bilhões de dólares, uma clara demonstração do consumo interno vigoroso, sendo que as famílias impulsionaram a demanda do mercado, com gastos domésticos representando 94,1% da demanda total em 2022. Esta robustez do mercado brasileiro reflete a crescente preferência do consumidor por soluções que oferecem maior conveniência e tecnologia para o seu lar.


No que diz respeito à produção, a indústria brasileira de eletrodomésticos registrou 5,8 bilhões de dólares em 2022, e é esperado que cresça para alcançar 6,8 bilhões de dólares até 2027, sustentado por um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 3,3%. A predominância do mercado interno na produção é marcante, com 98,3% destinados ao consumo nacional, o que destaca a força da demanda local. Em contrapartida, a pequena porção de 1,7% destinada à exportação sugere uma margem significativa para ampliar a presença global do setor.


Vejam abaixo o gráfico com as principais categorias de Produção. São elas:

 - Refrigeradores e Freezers, Lavadoras e Secadoras de Roupa, Lava Louças; Outros Equipamentos domésticos elétricos (inclui portáteis), outros equipamentos domésticos Não Elétricos.



Quanto às importações, elas alcançaram o valor de 1,5 bilhão de dólares em 2022, ilustrando um mercado primordialmente sustentado por fornecedores domésticos, com as importações constituindo 13,5% do tamanho total do mercado. Esse cenário ressalta o domínio das empresas locais, mas também indica um ambiente receptivo para produtos internacionais, que continuam a ter espaço significativo no ecossistema de consumo brasileiro.


Concentração da Indústria


A indústria de eletrodomésticos no Brasil está passando por uma transformação marcada pela consolidação do mercado, evidenciada pela redução de cerca de 29% no número de empresas no setor — de aproximadamente 1.800 em 2012 para 1.287 em 2022. As cinco maiores empresas agora representam 55,4% do valor total de produção, demonstrando um aumento na concentração de mercado e um domínio crescente por poucos atores dominantes.


Esta concentração é influenciada por fatores como a necessidade de produção local, elevadas tarifas e altos custos logísticos de importações, que juntos favorecem as empresas que já têm capacidade produtiva estabelecida no Brasil. Em resposta a esse cenário, novos entrantes podem considerar estratégias como fusões e aquisições (M&A) ou a aquisição de capacidade produtiva em instalações existentes como um meio viável para estabelecer uma presença significativa no mercado brasileiro e contornar as barreiras ao ingresso.


Impulsionadores e Restrições 


Com o cenário demonstrado acima, o mercado de eletrodomésticos no Brasil é um mercado maduro, com forte demanda doméstica, com previsão de crescimento e que está sendo impulsionado pelos seguintes fatores:

  1. Inovação Tecnológica e IoT: A integração do IoT está transformando eletrodomésticos em aliados inteligentes para um viver mais eficiente e conectado.

  2. Sustentabilidade e Eficiência: Eletrodomésticos que poupam recursos refletem o crescente ecoconsciente dos consumidores e a busca por eficiência ambiental.

  3. Influência das Redes Sociais: O impacto das redes sociais amplifica o alcance de eletrodomésticos inovadores, moldando decisões de compra com experiências compartilhadas online.


O mercado enfrenta os seguintes principais desafios:

  1. Segmentação de Mercado e Gestão de Canais de Vendas: Desenvolver estratégias eficazes para atender às variadas demandas das diferentes regiões do Brasil, superando o desafio de gerenciar diversos canais de venda e assegurando que a abordagem de mercado esteja alinhada com as preferências e necessidades locais.

  2. Sustentabilidade e Inovação: Incorporar práticas de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, mantendo a inovação alinhada com as práticas ambientais, o que é tanto uma responsabilidade quanto um desafio estratégico para permanecer competitivo.

  3. Estratégias Frente à Concentração de Mercado: Desenvolver abordagens para operar em um mercado cada vez mais concentrado, onde fusões e aquisições se tornam estratégias cruciais para crescimento ou sobrevivência no setor.


Reconhecendo os desafios e as inevitáveis mudanças que permeiam o mercado de eletrodomésticos, as empresas se veem diante da necessidade de forjar estratégias resilientes que assegurem crescimento sustentável e possam adaptar-se dinamicamente ao potencial de consolidação do mercado. Estratégias essas que devem ser construídas e aprimoradas através de um processo rigoroso que constantemente questione, desenvolva alternativas inovadoras e escolha o caminho estratégico que promova uma vantagem competitiva robusta e um êxito sustentável. As perguntas que se impõem nesse contexto estratégico, fundamentais para orientar tal processo, incluem: 


  1. Quais estratégias disruptivas podem ser adotadas para superar a sensibilidade ao preço e aumentar a penetração de eletrodomésticos inovadores?

  2. Como podemos desenvolver um modelo logístico que não apenas otimize a distribuição em um território tão vasto e diversificado como o Brasil, mas que também seja ágil frente às complexidades tributárias e regulatórias?

  3. Com a entrada de grandes empresas estrangeiras investindo em produção local, como as empresas brasileiras podem se posicionar e aproveitar as oportunidades de fusões e aquisições para fortalecer sua presença no mercado e competitividade?

  4. Como desenvolver uma estratégia de portfólio de produtos e uma abordagem de distribuição e canais que reconheçam e atendam às nuances regionais de um mercado tão diversificado quanto o do Brasil, assegurando que cada região tenha acesso aos eletrodomésticos mais alinhados com suas demandas e preferências específicas?

  5. Como podemos, simultaneamente, educar os consumidores para reconhecer o valor de longo prazo dos eletrodomésticos sustentáveis e eficientes e adaptar nossas ofertas para atender às mudanças nas expectativas dos consumidores?


Em virtude do cenário apresentado, concluímos que uma estratégia bem articulada, que enderece esses questionamentos críticos, é crucial para orientar sua empresa diante dos desafios imediatos e de longo prazo. Levando em consideração os recursos atuais, as competências das equipes, a eficiência dos processos e a essência da cultura corporativa, é possível não só captar oportunidades significativas para ampliar o EBITDA, mas também elevar o valor de mercado da empresa. Renovar e revitalizar sua estratégia corporativa é mais do que uma necessidade — é uma alavanca para assegurar crescimento contínuo e uma posição vantajosa num mercado em constante evolução. Oxigenar sua estratégia é, sem dúvida, a chave para desbloquear esse potencial.




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